quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Sobrevivente...


A lembrança de quando se é criança, é bem particular de cada um, alguns lembram mais que outros, por alguma ocasião se bloqueiam e não lembram de certos fatos e ate acontecimentos.
Dentre  as primeiras lembranças que marcaram minha infância tenho uma cena : Eu e minha irmã kátia,  5 anos e ela 6 anos, assistíamos TV a tarde algum programa ,que não me recordo qual era. Não sei por  qual motivo a TV ficava no quarto de minha mãe em cima de  numa cômoda, o quarto ainda tinha  a cama de casal e um guarda-roupa. de repente sem nenhum motivo aparente deu um vento mais forte a casa de "adobão" caiu, nos soterrando completamente.. Eu me sentia sufocada lá em baixo tudo era escuro e respira com muita dificuldade, alguma parte do meu frágil corpo doía mas não tinha noção de qual era, mal conseguia abrir os olhos devido a tanta poeira, terra.  
 O barulho do desabamento foi estrondoso e isto fez com que todos da vizinhança viessem ver o que tinha acontecido. Ao longe ouvia as vozes desesperadas  falando ao mesmo tempo,"mortas", alguém sugeriu, outros  nos chamando.  Também não tenho noção de quanto tempo se passou.  Alguém perguntou: aonde esta a mãe delas? A irmã mais velha fica na escola,  vá avisar então, que suas irmãs morreram soterrada. Que tragédia diziam, outros chamavam Jesus, Eu tentava me mexer mas algo me segurava forte, estava presa, assustada demais para pronunciar algo eu chorei alto... Dai senti uma movimentação intensa, pelo meu choro concluíram que estávamos vivas e se empenharam em retirar os entulhos. Senti quando a luz foi se abrindo aos poucos em meio a uma poeira densa, e lá estávamos: eu e minha irmã debaixo do bendito e salvador Guarda-roupas. O guarda-roupa com a ajuda de Deus se virou sobre nós  nos protegendo dos demais destroços do telhado e paredes.
Milagre! As pessoas diziam. Eu e minha irmã kátia estávamos todas imundas mas nem nos incomodamos, agora que já tinha passado o pior achava tudo bem divertido, nisto vi minha irmã mais velha Claudia com uniforme de escola chorando e minha mãe, que depois de horas, chegava enlouquecida, vendo o que tinha sobrado da casa no chão,  ela tinha  ido no salão arrumar os cabelos  e  nos deixado sozinhas em casa assistindo TV. Lembro que na minha inocência pensei: Não temos mais casa, agora iremos morar em uma  melhor. Eba! 

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